7 de outubro de 2009

Reflexão: O amigo

Dois homens, gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos pulmões. Sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha que ficar sempre deitado de costas.

Eles conversavam horas a fio, falavam de suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias...
E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.

O homem da cama do lado começou a viver a espera desses períodos de uma hora, em que seu mundo era alargado e animado por toa a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela. A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.

Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem do outro lado do quarto fechava seus olhos e imaginava as pitorescas cenas. Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que passava. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas. Dias e semanas se passaram...

Certa manhã a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo.

Logo que lhe apareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado perto da janela. A enfermeira respondeu que sim, fez a troca e, depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, deixou o quarto. Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e, lentamente, olhou para o lado de fora da janela... e viu que ela dava, afinal, para uma parede de tijolo! O paciente perguntou à enfermeira o que teria feito com que seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.

A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. "Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem..."

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